HISTORIA DA NOSSA FAMILIA - CAPITULO 4
SÃO PAULO – parte 1
SÃO PAULO – parte 1
Em 15 de agosto de 1534, sete estudantes da Universidade de Paris, liderados pelo espanhol INACIO DE LOIOLA, reuniram-se na Capela dos Martires, na colina de Montmartre em Paris, e, fazendo voto de pobreza e castidade, fundaram a COMPANHIA DE JESUS. A motivação era combater a expansão da Reforma, iniciada por LUTERO, no contexto da REFORMA CATÓLICA, também chamada de CONTRARREFORMA. Ela foi organizada como uma organização militar ( LOIOLA foi militar e ferido em uma batalha), o nome companhia já indica a intenção, para auxiliar a IGREJA CATÓLICA a evangelizar onde fosse necessário. Com as descobertas de novas terras e novos povos pelos portugueses e espanhóis, haveria uma oportunidade enorme de levar a palavra de JESUS a essa massa de almas pagãs, aumentando o rebanho da igreja católica. Assim, junto com os primeiros colonizadores da nova terra do Brasil, vieram vários jesuítas, entre eles MANOEL DA NÓBREGA e JOSÉ DE ANCHIETA.
Cumprindo suas missões em São Vicente, ficaram sabendo da quantidade enorme de índios que viviam nas terras acima da Serra do Mar. Com esses índios, vivia um português degredado, JOÃO RAMALHO, que exercia uma influencia importante junto ao cacique TIBIRIÇA, tendo, inclusive, casado com uma de suas filhas. Ramalho e Tibiriça escolheram para os jesuítas um sítio estrategicamente localizado numa pequena colina onde ergueram uma edificação de pau a pique, que mais tarde será conhecido como PATEO DO COLÉGIO. A fundação dessa missão se deu em 25 de janeiro de 1554, e como era dia de SÃO PAULO, assim foi batizada.
Esse povoadinho reuniu, inicialmente, muitos índios curiosos em ouvir esses homens brancos que ao lado da pregação do evangelho, impunha rígido comportamento dos novos convertidos, como o de ter uma só esposa, o que desgostou, e muito, esse rebanho, que aos poucos foi diminuindo de tamanho.
Como a lavoura de cana de açúcar em São Vicente teve um grande crescimento, houve uma demanda por mão de obra, e, assim, cresceu a busca de escravos indígenas. O entorno de SÃO PAULO virou um grande entreposto de mão de obra escrava, crescendo, também, a criação de mulas para suprir a lavoura e o transporte de alimentos cultivados na região que tinham destino o litoral.
Assim foi-se formando uma comunidade de caçadores de índios, formados por portugueses e principalmente mamelucos, filhos de portugueses com índias. Homens rudes que quase só falavam a língua indígena, que partiam para o sertão em busca de novas levas de escravos. Assim começaram a organizar as expedições para o interior, e toda partida começava em um vale ao lado da colina, onde os organizadores reuniam batalhões de brancos, mamelucos e principalmente índios, mulas carregadas de alimentos, armas e todo tipo de materiais necessários à aventura. Cada expedição portava sua bandeira, daí o nome de BANDEIRANTES. O vale onde se reuniam para a partida da expedição ficou conhecida por PRAÇA DA BANDEIRA.
Nas andanças pelo interior, em contato com várias tribos de índios, foram tendo contato com muitas histórias de montanhas de ouro e pedras preciosas. E muitas bandeiras foram formadas para encontrar essas riquezas. Com isso foram expandindo os limites do Brasil, para alem da demarcação do tratado de Tordesilhas, conquistando o sertão de Goias, Mato Grosso, Minas Gerais, durante os séculos XVII e XVIII, dando fama à uma leva de intrépidos bandeirantes tais como Anhanguera, Fernão Dias, Raposo Tavares, Borba Gato e outros. Quando se descobriram as minas de ouro na região de Ouro Preto, a cidade de São Paulo quase se esvaziou, pois quase todos os homens, adultos e crianças, foram em busca do metal precioso.
A cidade se recompôs quando, terminando o ciclo do ouro, iniciou-se um ciclo de cana de açúcar em seu entorno, transportando essa riqueza para o Porto de Santos, com destino à Portugal.
Quando da vinda da família real para o Brasil em 1808, São Paulo era uma cidade pequena e sem muita importância. Quis o acaso que em suas terras Dom Pedro decidisse separar o Brasil de Portugal, quando mensageiros vindo do Rio o encontraram às margens do Riacho do Ipiranga, voltando de sua viagem à Santos, onde fora por fim a uma briga política entre duas famílias, sendo uma delas a dos ANDRADAS que tinham muita influencia junto à ele, e lhe entregaram carta das CORTES PORTUGUESAS, exigindo que ele voltasse imediatamente à Portugal. A sua entrada em São Paulo , eufórica pelos acontecimentos, foi triunfal, formando um cortejo que subiu a Tabatinguera, a rua do Carmo, até chegar ao PATEO DO COLÉGIO, sendo ovacionado em todo trajeto pelos paulistas.
Nessa época São Paulo se resumia em uma área triangular com vértices na Igreja do Carmo, Pateo do Colégio e Mosteiro de São Bento. Com algumas moradias, também, onde é hoje a Rua Quintino Bocaiuva. Uma curiosidade: na região onde é a 25 de Março hoje, passava o Rio Tamanduatei, mais tarde retificado, urbanizando-se a área. Ali existia um porto fluvial, aonde os beneditinos, do Mosteiro de São Bento, chegavam com seus barcos trazendo os produtos de seus sítios que ficavam lá pelas bandas do hoje Bairro do Ipiranga. Com suas cargas subiam um barranco que passou a ser chamado de LADEIRA PORTO GERAL, permanecendo o nome até hoje.
Em 1827 foram criadas duas faculdades de direito, uma em Olinda e outra em São Paulo. Com o objetivo de formar governantes e administradores públicos, a Faculdade de Direito do Largo São Francisco tornou-se a principal faculdade de direito do Brasil, e, por ela, passaram gerações de homens ilustres em diversos segmentos. Com o tempo, enorme quantidade de alunos, vindos de toda parte do país, incorpora-se à população, lotando as repúblicas que se formaram na Rua Direita e adjacências.