sábado, 29 de junho de 2013

HISTORIA DA NOSSA FAMILIA - CAPITULO 4 - SÃO PAULO PARTE 1

HISTORIA DA NOSSA FAMILIA - CAPITULO 4

                                       SÃO PAULO – parte 1


                              Em 15 de agosto de 1534, sete estudantes da Universidade de Paris, liderados pelo espanhol INACIO DE LOIOLA, reuniram-se na Capela dos Martires, na colina de Montmartre em Paris, e, fazendo voto de pobreza e castidade, fundaram a COMPANHIA DE JESUS. A motivação era combater a expansão da Reforma, iniciada por LUTERO, no contexto da REFORMA CATÓLICA, também chamada de CONTRARREFORMA. Ela foi organizada como uma organização militar ( LOIOLA foi militar e ferido em uma batalha), o nome companhia já indica a intenção, para auxiliar a IGREJA CATÓLICA a evangelizar onde fosse necessário. Com as descobertas de novas terras e novos povos pelos portugueses e espanhóis, haveria uma oportunidade enorme de levar a palavra de JESUS a essa massa de almas pagãs, aumentando o rebanho da igreja católica. Assim, junto com os primeiros colonizadores da nova terra do Brasil, vieram vários jesuítas, entre eles MANOEL DA NÓBREGA e JOSÉ DE ANCHIETA.
                              Cumprindo suas missões em São Vicente, ficaram sabendo da quantidade enorme de índios que viviam nas terras acima da Serra do Mar. Com esses índios, vivia um português degredado, JOÃO RAMALHO, que exercia uma influencia importante junto ao cacique TIBIRIÇA, tendo, inclusive, casado com uma de suas filhas. Ramalho e Tibiriça escolheram para os jesuítas um sítio estrategicamente localizado numa pequena colina onde ergueram uma edificação de pau a pique, que mais tarde será conhecido como PATEO DO COLÉGIO. A fundação dessa missão se deu em 25 de janeiro de 1554, e como era dia de SÃO PAULO, assim foi batizada.
                              Esse povoadinho reuniu, inicialmente, muitos índios curiosos em ouvir esses homens brancos que ao lado da pregação do evangelho, impunha rígido comportamento dos novos convertidos, como o de ter uma só esposa, o que desgostou, e muito, esse rebanho, que aos poucos foi diminuindo de tamanho.
                              Como a lavoura de cana de açúcar em São Vicente teve um grande crescimento, houve uma demanda por mão de obra, e, assim, cresceu a busca de escravos indígenas. O entorno de SÃO PAULO virou um grande entreposto de mão de obra escrava, crescendo, também, a criação de mulas para suprir a lavoura e o transporte de alimentos cultivados na região que tinham destino o litoral.
                              Assim foi-se formando uma comunidade de caçadores de índios, formados por portugueses e principalmente mamelucos, filhos de portugueses com índias. Homens rudes que quase só falavam a língua indígena, que partiam para o sertão em busca de novas levas de escravos. Assim começaram a organizar as expedições para o interior, e toda partida começava em  um vale ao lado da colina, onde os organizadores reuniam batalhões de brancos, mamelucos e principalmente índios, mulas carregadas de alimentos, armas e todo tipo de materiais necessários à aventura. Cada expedição portava sua bandeira, daí o nome de BANDEIRANTES. O vale onde se reuniam para a partida da expedição ficou conhecida por PRAÇA DA BANDEIRA.
                              Nas andanças pelo interior, em contato com várias tribos de índios, foram tendo contato com muitas histórias de montanhas de ouro e pedras preciosas. E muitas bandeiras foram formadas para encontrar essas riquezas. Com isso foram expandindo os limites do Brasil, para alem da demarcação do tratado de Tordesilhas, conquistando o sertão de Goias, Mato Grosso, Minas Gerais, durante os séculos XVII e XVIII, dando fama à uma leva de intrépidos bandeirantes tais como Anhanguera, Fernão Dias, Raposo Tavares, Borba Gato e outros. Quando se descobriram as minas de ouro na região de Ouro Preto, a cidade de São Paulo quase se esvaziou, pois quase todos os homens, adultos e crianças,  foram em busca do metal precioso.
                              A cidade se recompôs quando, terminando o ciclo do ouro, iniciou-se um ciclo de cana de açúcar em seu entorno, transportando essa riqueza para o Porto de Santos, com destino à Portugal.
                              Quando da vinda da família real para o Brasil em 1808, São Paulo era uma cidade  pequena e sem muita importância. Quis o acaso que em suas terras Dom Pedro decidisse separar o Brasil de Portugal, quando mensageiros vindo do Rio o encontraram às margens do Riacho do Ipiranga, voltando de sua viagem à Santos, onde fora por fim a uma briga política entre duas famílias, sendo uma delas a dos ANDRADAS que tinham muita influencia junto à ele,  e lhe entregaram carta das CORTES PORTUGUESAS, exigindo que ele voltasse imediatamente à Portugal. A sua entrada em São Paulo , eufórica pelos acontecimentos, foi triunfal, formando um cortejo que subiu a Tabatinguera, a rua do Carmo, até chegar ao PATEO DO COLÉGIO, sendo ovacionado em todo trajeto pelos paulistas.
                              Nessa época São Paulo se resumia em uma área triangular com vértices na Igreja do Carmo, Pateo do Colégio e Mosteiro de São Bento. Com algumas moradias, também, onde é hoje a Rua Quintino Bocaiuva. Uma curiosidade: na região onde é a 25 de Março hoje, passava o Rio Tamanduatei, mais tarde retificado, urbanizando-se a área. Ali existia um porto fluvial, aonde os beneditinos, do Mosteiro de São Bento, chegavam com seus barcos trazendo os produtos de seus sítios que ficavam lá pelas bandas do hoje Bairro do Ipiranga. Com suas cargas subiam um barranco que passou a ser chamado de LADEIRA PORTO GERAL, permanecendo o nome até hoje.
                              Em 1827 foram criadas duas faculdades de direito, uma em Olinda e outra em São Paulo. Com o objetivo de formar governantes e administradores públicos, a Faculdade de Direito do Largo São Francisco tornou-se a principal faculdade de direito do Brasil, e, por ela, passaram gerações de homens ilustres em diversos segmentos. Com o tempo, enorme quantidade de alunos, vindos de toda parte do país, incorpora-se à população, lotando as repúblicas que se formaram na Rua Direita e adjacências.

sábado, 22 de junho de 2013

HISTÓRIA DA NOSSA FAMILIA - CAPITULO 3

                                
                                               HISTÓRIA DA NOSSA FAMILIA – CAPITULO 3

                                              VIRGILIO RIGONATTI

  


               A vó Teresa, nasceu em 1884, data deduzida, e veio para o Brasil em 1892, data de sua chegada que consta nos registros de imigração. Seus pais foram Angelo Passoni e Virginia Barroci.
               Quando se casou com nosso avô, Pedro, era viúva e já tinha 6 filhos. Sendo os que eu me lembro: Catarina, Zefa e Chiquinho (Francisco?). Após a morte de nosso avô, em 1928, casou-se pela terceira vez com Luis Vara, com o qual não teve filho. A tia Catarina, que por coincidência amamentou nossa mãe, e a tia Zefa, vieram para São Paulo e conviveram conosco, já o tio Chiquinho permaneceu em Minas, morou em Itamogi, e nós nunca tivemos nenhum contato.
               O pai nasceu em São Sebastião do Paraíso em 8 de outubro de 1920. Teve duas irmãs, a Teresa e a Nica, que vieram, também, para São Paulo, e com as quais tivemos muito contato, principalmente a tia Teresa.
               O pai teve pouco tempo de convívio com o vô Pedro, pois este faleceu quando ele tinha 8 anos. O pai tinha algumas lembranças saudosas do vô. Eles viviam numa pequena chácara que ficava entre a estação de trem e o centro de Paraíso, chácara esta que foi vendida após a morte da vó Teresa. Quando o vô Pedro ia vender a produção da chácara, costumava levar o pai junto na carroça. Mesmo quando o vô ia se juntar à italianada no bar para beber, jogar ou só prosear, lá ia o pai agarrado à ele. Algumas vezes o vô dizia que era para o pai não ir, mas ele não se conformava e ia seguindo seu pai, escondendo-se nas esquinas. Mas o vó sabia que ele vinha atrás e fingia que não o via, até chegar no seu destino, dava um tempo e aí gritava: “Veni qui Virgilio”, e o pai corria até ele todo sorriso. Eu sempre notava uma forte emoção, o que era raro nele, quando me contava essa passagem de sua infância.
               Por temperamento ou por revolta por ter perdido o pai, ou pelos dois motivos, ele foi um garoto briguento. A criançada tinha medo dele, ele impunha respeito. Ele gostava de contar que tinha um lugar cativo no cinema de Paraíso. Se alguém estivesse sentado em sua cadeira quando chegava, tinha que sair por bem ou por mal.
               Nada afeito aos estudos, parou de estudar no primeiro ou segundo ano do primário.
               Sua vida era brincadeiras na rua com a criançada. Não jogava futebol. Sempre rebelde, apanhava freqüentemente da mãe, chegando esta a atirar-lhe um tijolo na cabeça, mas que, esperto, conseguiu se abaixar e escapou, ficando horas sem aparecer em casa.
               Na adolescência, foi trabalhar na casa de um fazendeiro de café. Lá era um faz tudo. Servia de copeiro, ajudava a limpar a casa, servia de office-boy, pequenos consertos...
               Com o trabalho, e os conselhos dos donos da casa, deixou as brigas de rua.
               Com problemas de saúde da esposa, que necessitava de tratamento especializado, com um filho adolescente que queria continuar os estudos, o fazendeiro, do qual não me lembro o nome, nem sei mesmo se o pai alguma vez mencionou, decidiu mudar-se para São Paulo.
               E lá foi Virgilio, com cerca de quinze anos, conhecer aquela cidade grande que tanto encantava os interioranos.

              
                             
                             

HISTÓRIA DA NOSSA FAMILIA - CAPITULO 2

                                           HISTÓRIA DA NOSSA FAMILIA  -  CAPITULO 2


                                                         SÃO SEBASTIÃO DO PARAISO



               Desbravada por bandeirantes a caminho das terras com metais preciosos, São Sebastião do Paraíso era uma imensa fazenda, quando seus donos resolveram, em 1821, doar uma gleba de 5 alqueires para que fosse erguida uma capela em homenagem à São Sebastião, ao qual eram devotos. Essa região era muito bonita, clima ameno, vista bonita, com fontes de água, um verdadeiro paraíso, daí o nome de São Sebastião do Paraíso.
               Logo casas foram erguidas ao redor da capela e por ser um entroncamento natural de caminhos seguidos por viajantes e tropeiros e não muito longe das minas de ouro e pedras preciosas, o vilarejo desenvolveu-se chegando à distrito em 1855 e à condição de cidade em 1870.
               O surto cafeeiro que tomou conta das terras paulistas de Campinas para o norte, alcançou Paraíso, que se tornou um grande centro cafeeiro. Ao mesmo tempo desenvolveu-se a criação de gado e a indústria do couro bovino, sendo Paraíso, hoje, um importante centro curtumeiro.

sábado, 8 de junho de 2013

HISTÓRIA DA NOSSA FAMILIA - CAPITULO 1

                                            HISTÓRIA DA NOSSA FAMILIA – CAPITULO I

                                                        A ITALIA DO SÉCULO XIX

               O território que hoje conhecemos como Italia, tem uma história de mais de 3.000 anos de civilização. Os primeiros a se destacarem foram os etruscos.  Várias cidades, ao sul da Italia, foram fundadas pelos gregos. Depois foram os romanos. Roma, com suas lendas de fundação pelos irmãos Remo e Rômulo ou pelos troianos que, após a queda de sua cidade invadida pelos gregos, foram se estabelecer nessa região, tornou-se um império e dominou o mundo ocidental durante séculos até sua queda em 476 d.c., invadida que foi pelos povos bárbaros da Europa Central, destacando-se os visigodos e os hunos, estes comandados pelo lendário Átila. Roma caiu politicamente, mas não sua civilização, que foi assimilada pelos bárbaros invasores. 
              O nome Itália aparece em registro pela primeira vez no século I a.c. cunhada em moeda usada pelos povos itálicos em revolta contra Roma .
Nos anos 800 d.c. Carlos Magno, da França, criou o Sacro Império Romano, com Roma sendo reconduzida como capital do mundo.
Com o sistema feudal sendo introduzido como forma de organização política e econômica na Europa, várias cidades tornaram-se verdadeiros estados independentes, e na Italia destacaram-se Milão, Florença, Veneza e Gênova. Estas duas últimas, portos naturais, rivalizaram-se no domínio do comércio internacional de então. A Igreja Católica criou também seu estado, com sede em Roma e dominando um vasto território em torno de Roma.

Com o fim das guerras napoleônicas em 1815, a Itália foi dividida, pelos países vencedores, em sete reinos, contrariando os interesses locais. Nasceu a partir daí o ideal de unificação, que foi conseguido em 1870, quando os exércitos do rei Vitor Emanuel, de Piemonte, derrota os exércitos do Papa, sendo Roma proclamada capital da Itália no ano seguinte. A unificação foi completada no fim da primeira guerra mundial, quando os territórios de Trentino e Friuli, que estavam em poder do Império Austro-Húngaro, foram incorporados à Itália.






Províncias
Siglas
Municípios
VENEZIA
VE
44
Belluno
BL
69
Padova
PD
103
Rovigo
RO
50
Treviso
TV
95
Verona
VR
98
Vicenza
VI
121


580
 
 
.
  


As lutas pela unificação tiveram um altíssimo preço para a economia italiana, levando a pobreza e a falta de trabalho para um contigente enorme de italianos, e a solução encontrada foi a emigração. Os alvos desse movimento emigratório foram os Estados Unidos, que precisavam de mão de obra para sua crescente indústria, a Argentina que precisava de  gente para seus campos de trigo e o Brasil, que com o fim da escravidão dos negros, necessitava de mão de obra para sua lavoura de café.

               Segundo  nos contava nosso pai, nosso avô, Pedro Rigonatti,  nasceu em alguma pequena cidade próxima à divisa com a Áustria, ele nunca soube seu nome. Três regiões fazem parte da área vizinha à Austria: Trentino, Vêneto e Friuli. Como Trentino e Friuli só foram incorporadas à Italia com o fim da primeira guerra mundial, e sendo Pedro ( provavelmente seu nome de registro na Itália era Pietro e aqui , no Brasil, aportuguesado para Pedro)  Rigonatti  italiano, deduzo que tenha nascido no território Vêneto, mais precisamente na província de Belluno, mais próxima da fronteira austríaca, ou nas províncias de Vicenza ou Treviso que lhe são contíguas.
               Nossa avó paterna, Theresa Pessoni , nasceu, segundo ele dizia, na região do Piemonte, não se tendo nenhuma referência em qual província.
               O vô Pedro nasceu em 1874, calculado com base na certidão de casamento com a vó Theresa, ocorrido em 15 de setembro de 1919. Seus pais foram: Antonio Rigonatti e Maria Brizatti. A vó Theresa  nasceu no ano de 1884, calculado, também, com base na mesma certidão de casamento, quando tinha 35 anos, e seus pais foram: Angelo Pessoni e Virginia Barroci. 
               Gênova foi o porto de onde partiam os emigrantes oriundos do norte italiano, que chegavam em lombo de animais, carroças ou a pé. Provavelmente foi assim que a família do Pedro (Pietro) e Theresa chegaram à Gênova e de lá partiram rumo ao Brasil. Por que escolheram o Brasil não se sabe. Provavelmente pela propaganda que se fazia por agentes pagos pelos interessados em mão de obra italiana, agentes esses que muitas vezes era o padre da cidade.
               A viagem de navio ao Brasil durava de 25 a 30 dias, ou mais se o tempo não ajudava. Eram viagens em péssimas condições, principalmente para quem viajava de terceira classe (seria o caso deles?), muitos contraindo doenças, muitos morrendo durante a viagem.
               Para quem se dirigia à São Paulo, que foi o caso da família dos dois, o porto de chegada era Santos, sendo então encaminhados para o centro de imigração, localizado no bairro do Brás – jamais poderia passar em suas cabeças de crianças ou adolescentes, que quase um século depois, alguns de seus descendentes seriam famosos no comércio desse mesmo bairro.
               Nesse centro de imigração eram contratados os trabalhadores para as lavouras, principalmente a de café, que então se espalhava pelas terras férteis do norte de São Paulo e sul de Minas. E assim eles foram levados para São Sebastião do Paraíso, ou adjacências, Minas Gerais.
               Devem ter feito a viagem de trem até alguma parte de São Paulo e, de lá, seguido em lombo de animais, carroças ou mais provavelmente de carro de bois, pois não existia ônibus ou trem até seus destinos.
               Não se conhecem referências de onde trabalhavam, nem quando foram morar em Paraíso.