HISTÓRIA DA NOSSA FAMILIA – CAPITULO 3
VIRGILIO RIGONATTI
A vó Teresa, nasceu em 1884, data deduzida, e veio para o Brasil em 1892, data de sua chegada que consta nos registros de imigração. Seus pais foram Angelo Passoni e Virginia Barroci.
Quando se casou com nosso avô, Pedro, era viúva e já tinha 6 filhos. Sendo os que eu me lembro: Catarina, Zefa e Chiquinho (Francisco?). Após a morte de nosso avô, em 1928, casou-se pela terceira vez com Luis Vara, com o qual não teve filho. A tia Catarina, que por coincidência amamentou nossa mãe, e a tia Zefa, vieram para São Paulo e conviveram conosco, já o tio Chiquinho permaneceu em Minas, morou em Itamogi, e nós nunca tivemos nenhum contato.
O pai nasceu em São Sebastião do Paraíso em 8 de outubro de 1920. Teve duas irmãs, a Teresa e a Nica, que vieram, também, para São Paulo, e com as quais tivemos muito contato, principalmente a tia Teresa.
O pai teve pouco tempo de convívio com o vô Pedro, pois este faleceu quando ele tinha 8 anos. O pai tinha algumas lembranças saudosas do vô. Eles viviam numa pequena chácara que ficava entre a estação de trem e o centro de Paraíso, chácara esta que foi vendida após a morte da vó Teresa. Quando o vô Pedro ia vender a produção da chácara, costumava levar o pai junto na carroça. Mesmo quando o vô ia se juntar à italianada no bar para beber, jogar ou só prosear, lá ia o pai agarrado à ele. Algumas vezes o vô dizia que era para o pai não ir, mas ele não se conformava e ia seguindo seu pai, escondendo-se nas esquinas. Mas o vó sabia que ele vinha atrás e fingia que não o via, até chegar no seu destino, dava um tempo e aí gritava: “Veni qui Virgilio”, e o pai corria até ele todo sorriso. Eu sempre notava uma forte emoção, o que era raro nele, quando me contava essa passagem de sua infância.
Por temperamento ou por revolta por ter perdido o pai, ou pelos dois motivos, ele foi um garoto briguento. A criançada tinha medo dele, ele impunha respeito. Ele gostava de contar que tinha um lugar cativo no cinema de Paraíso. Se alguém estivesse sentado em sua cadeira quando chegava, tinha que sair por bem ou por mal.
Nada afeito aos estudos, parou de estudar no primeiro ou segundo ano do primário.
Sua vida era brincadeiras na rua com a criançada. Não jogava futebol. Sempre rebelde, apanhava freqüentemente da mãe, chegando esta a atirar-lhe um tijolo na cabeça, mas que, esperto, conseguiu se abaixar e escapou, ficando horas sem aparecer em casa.
Na adolescência, foi trabalhar na casa de um fazendeiro de café. Lá era um faz tudo. Servia de copeiro, ajudava a limpar a casa, servia de office-boy, pequenos consertos...
Com o trabalho, e os conselhos dos donos da casa, deixou as brigas de rua.
Com problemas de saúde da esposa, que necessitava de tratamento especializado, com um filho adolescente que queria continuar os estudos, o fazendeiro, do qual não me lembro o nome, nem sei mesmo se o pai alguma vez mencionou, decidiu mudar-se para São Paulo.
E lá foi Virgilio, com cerca de quinze anos, conhecer aquela cidade grande que tanto encantava os interioranos.
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