HISTÓRIA DA NOSSA FAMILIA – CAPITULO I
A ITALIA DO SÉCULO XIX
O território que hoje conhecemos como Italia, tem uma história de mais de 3.000 anos de civilização. Os primeiros a se destacarem foram os etruscos. Várias cidades, ao sul da Italia, foram fundadas pelos gregos. Depois foram os romanos. Roma, com suas lendas de fundação pelos irmãos Remo e Rômulo ou pelos troianos que, após a queda de sua cidade invadida pelos gregos, foram se estabelecer nessa região, tornou-se um império e dominou o mundo ocidental durante séculos até sua queda em 476 d.c., invadida que foi pelos povos bárbaros da Europa Central, destacando-se os visigodos e os hunos, estes comandados pelo lendário Átila. Roma caiu politicamente, mas não sua civilização, que foi assimilada pelos bárbaros invasores.
O nome Itália aparece em registro pela primeira vez no século I a.c. cunhada em moeda usada pelos povos itálicos em revolta contra Roma .
Nos anos 800 d.c. Carlos Magno, da França, criou o Sacro Império Romano, com Roma sendo reconduzida como capital do mundo.
Com o sistema feudal sendo introduzido como forma de organização política e econômica na Europa, várias cidades tornaram-se verdadeiros estados independentes, e na Italia destacaram-se Milão, Florença, Veneza e Gênova. Estas duas últimas, portos naturais, rivalizaram-se no domínio do comércio internacional de então. A Igreja Católica criou também seu estado, com sede em Roma e dominando um vasto território em torno de Roma.
Com o fim das guerras napoleônicas em 1815, a Itália foi dividida, pelos países vencedores, em sete reinos, contrariando os interesses locais. Nasceu a partir daí o ideal de unificação, que foi conseguido em 1870, quando os exércitos do rei Vitor Emanuel, de Piemonte, derrota os exércitos do Papa, sendo Roma proclamada capital da Itália no ano seguinte. A unificação foi completada no fim da primeira guerra mundial, quando os territórios de Trentino e Friuli, que estavam em poder do Império Austro-Húngaro, foram incorporados à Itália.
Províncias |
Siglas
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Municípios
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VENEZIA
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VE
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44
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Belluno
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BL
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69
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Padova
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PD
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103
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Rovigo
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RO
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50
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Treviso
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TV
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95
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Verona
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VR
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98
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Vicenza
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VI
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121
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580
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As lutas pela unificação tiveram um altíssimo preço para a economia italiana, levando a pobreza e a falta de trabalho para um contigente enorme de italianos, e a solução encontrada foi a emigração. Os alvos desse movimento emigratório foram os Estados Unidos, que precisavam de mão de obra para sua crescente indústria, a Argentina que precisava de gente para seus campos de trigo e o Brasil, que com o fim da escravidão dos negros, necessitava de mão de obra para sua lavoura de café.
Segundo nos contava nosso pai, nosso avô, Pedro Rigonatti, nasceu em alguma pequena cidade próxima à divisa com a Áustria, ele nunca soube seu nome. Três regiões fazem parte da área vizinha à Austria: Trentino, Vêneto e Friuli. Como Trentino e Friuli só foram incorporadas à Italia com o fim da primeira guerra mundial, e sendo Pedro ( provavelmente seu nome de registro na Itália era Pietro e aqui , no Brasil, aportuguesado para Pedro) Rigonatti italiano, deduzo que tenha nascido no território Vêneto, mais precisamente na província de Belluno, mais próxima da fronteira austríaca, ou nas províncias de Vicenza ou Treviso que lhe são contíguas.
Nossa avó paterna, Theresa Pessoni , nasceu, segundo ele dizia, na região do Piemonte, não se tendo nenhuma referência em qual província.
O vô Pedro nasceu em 1874, calculado com base na certidão de casamento com a vó Theresa, ocorrido em 15 de setembro de 1919. Seus pais foram: Antonio Rigonatti e Maria Brizatti. A vó Theresa nasceu no ano de 1884, calculado, também, com base na mesma certidão de casamento, quando tinha 35 anos, e seus pais foram: Angelo Pessoni e Virginia Barroci.
Gênova foi o porto de onde partiam os emigrantes oriundos do norte italiano, que chegavam em lombo de animais, carroças ou a pé. Provavelmente foi assim que a família do Pedro (Pietro) e Theresa chegaram à Gênova e de lá partiram rumo ao Brasil. Por que escolheram o Brasil não se sabe. Provavelmente pela propaganda que se fazia por agentes pagos pelos interessados em mão de obra italiana, agentes esses que muitas vezes era o padre da cidade.
A viagem de navio ao Brasil durava de 25 a 30 dias, ou mais se o tempo não ajudava. Eram viagens em péssimas condições, principalmente para quem viajava de terceira classe (seria o caso deles?), muitos contraindo doenças, muitos morrendo durante a viagem.
Para quem se dirigia à São Paulo, que foi o caso da família dos dois, o porto de chegada era Santos, sendo então encaminhados para o centro de imigração, localizado no bairro do Brás – jamais poderia passar em suas cabeças de crianças ou adolescentes, que quase um século depois, alguns de seus descendentes seriam famosos no comércio desse mesmo bairro.
Nesse centro de imigração eram contratados os trabalhadores para as lavouras, principalmente a de café, que então se espalhava pelas terras férteis do norte de São Paulo e sul de Minas. E assim eles foram levados para São Sebastião do Paraíso, ou adjacências, Minas Gerais.
Devem ter feito a viagem de trem até alguma parte de São Paulo e, de lá, seguido em lombo de animais, carroças ou mais provavelmente de carro de bois, pois não existia ônibus ou trem até seus destinos.
Não se conhecem referências de onde trabalhavam, nem quando foram morar em Paraíso.
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