domingo, 28 de julho de 2013

HISTÓRIA DA NOSSA FAMILIA - CAPITULO 7

      
                              HISTÓRIA DA NOSSA FAMILIA – CAPITULO 7

                                                   O ENCONTRO

                              VIRGILIO chegou a Itamogi e logo ficou sabendo que no sábado iria ter um baile em que a juventude local iria aparecer. Seria uma boa oportunidade para conhecer as mocinhas da cidade.
                              O baile seria na casa da DELICATE, organizado por sua filha NAIR.
                              Era um tipo de baile que acontecia uma vez por ano, cada vez em uma casa diferente.  O ponto alto seria uma contradança em que os pares seriam formados por sorteio. As moças fariam um vestido novo, com o cuidado de cada uma fazer o seu com uma estampa diferente da outra. Um pedaço do tecido do vestido era colocado em um envelope, que seria fechado e lacrado. Momentos antes, cada rapaz pegaria um envelope, abriria e, com o pedaço do tecido, buscaria a moça trajada com o vestido correspondente.
                              Era um grande acontecimento que os rapazes e as moças começavam a curtir  bem antes, principalmente as moças, alvoroçadas em escolher o tecido, o modelo e confeccionar o vestido.              
                              Maria e Donga, sua prima, eram muito amigas. Escolheram seus modelos, compraram os tecidos e começaram, elas mesmas, a fazer seu traje, já que sabiam cortar e costurar.
                              No dia do baile, souberam que iria aparecer um rapaz, que vivia em São Paulo, bonitinho, bem arrumado, que estava passeando em Itamogi, e que era meio irmão da Catarina, que tinha dado de mamar à Maria quando ela nasceu.
                              Que emoção. A Donga, que já tinha namorado, botou fogo na Maria, dizendo que ela não podia deixar escapar esse príncipe encantado que veio da cidade grande. E combinaram um arranjo.
                              No baile o coração da Maria disparou ao ver o mocinho de “Sum Paulo”, com seu bigodinho e com um terno bem aprumado.
                              Donga e Maria puseram seus planos em ação e fizeram com que seus envelopes fossem direcionados: o da Donga para o seu namorado e o da Maria para o Virgilio. Abrindo seu envelope, Virgilio pegou o tecido e procurou seu par, vindo a encontrar aquela mocinha encantadora, de longos cabelos, estrábica, mas que tocou seu coração. Tirou-a para dançar e ao som de uma valsa, Virgilio e Maria se conheceram.
                               
                                

sábado, 20 de julho de 2013

HISTÓRIA DA NOSSA FAMILIA - CAPITULO 6 - ITAMOGI




                                        HISTÓRIA DA NOSSA FAMÍLIA – CAPITULO VI

                                                                 ITAMOGI

               Diz a lenda que no século IX, nas terras altas da Etiópia, um pastor, de nome Kaldi, observou que suas ovelhas ficavam mais espertas ao comer umas frutinhas. Um monge, seu conhecido, informado do fato, desenvolveu uma infusão dessas frutinhas, com a qual, ao tomar, conseguia mantê-lo sem sono em suas orações. Essa bebida difundiu-se pelo Egito, Arábia, Iêmen, propagando-se para todo mundo árabe ganhando, em seguida, a Europa, onde, no começo, teve alguma resistência, pois era tida como uma bebida muçulmana. O café foi trazido para o Novo Mundo pelos holandeses e franceses. A pedido do Governador do Estado do Grão Para, em 1727 o sargento-mor FRANCISCO DE MELO PALHETA levou da Guiana Francesa mudas de cafeeiro para Belem. O plantio do café desenvolveu-se para o Maranhão, Bahia e levado para o Rio de Janeiro. Com grande sucesso, o cultivo do café ganhou o Vale do Paraiba e, com o empobrecimento do solo na região, foi levado para as terra roxas da  região de Campinas, norte de São Paulo e sul de Minas Gerais.
               Em 24 de junho de 1882 nascia um pequeno vilarejo com o nome de São João Batista das Posses. Recebeu o nome de São João Batista em homenagem ao santo do dia 24 de junho. Pertencia à Monte Santo de Minas e era conhecida como Posses de Monte Santo.
               Em 1923 foi elevada à categoria de município com o nome de Arari. Para conseguir sua emancipação, os coronéis de Arari tiveram que enfrentar à bala os coronéis de Monte Santo, que não admitiam a perda do pequeno vilarejo.
               Em 31 de dezembro de 1943 ganha seu nome definitivo: Itamogi. Há controvérsias em relação à grafia do nome, se com g ou j. Itamogi significa em tupi-guarani Rio das Pedras. Seu nome foi tirado do pequeno riacho que corre no município que deságua numa lagoa entre o centro e a estação de trem, e continua até o rio Sapucaí.
               Itamogi nasceu na esteira da expansão cafeeira pelo norte de São Paulo e sul de Minas Gerais. Local de clima ameno e terra fértil, Itamogi sempre foi produtora de café de qualidade, chegando a ganhar vários prêmios.
               Itamogi teve pouco crescimento populacional nesses pouco mais de cem anos de vida. Os que nasciam ou chegavam superavam em muito pouco os que morriam ou saiam em busca de emprego e melhores oportunidades. Muitos itamogienses vieram para São Paulo, principalmente para Osasco.
               A partir do seu núcleo central que é a Praça da Matriz, Itamogi cresceu para o sul um pouco mais de um quilômetro, formando os Quatro Cantos, em direção à oeste também um pouco mais de um quilometro, outro tanto à leste em direção ao cerrado e à estação de trem e menos de um quilometro ao norte até o campo de futebol. Nos últimos quinze anos se expandiu um pouco mais tanto em área como em população alcançando o número de quinze mil habitantes. Na área central alguns imóveis foram derrubados dando lugar à outros mais novos, mas na essência Itamogi continua como nós conhecemos na infância, nas décadas de 50 e 60.
               Seu povo vive essencialmente da agricultura e de serviços. Não tem indústria, tinha um laticínio que fechou, uma indústria de farinha de milho que também não mais existe.
              

domingo, 14 de julho de 2013

HISTORIA DA NOSSA FAMILIA - CAPITULO 5

                        HISTÓRIA DA NOSSA FAMILIA – CAPITULO V


                                        VIRGILIO EM SÃO PAULO



               Foi essa São Paulo que o pai conheceu quando chegou em 1936. Uma cidade rica, com ares europeu, edifícios grandiosos, limpa, pacífica, com um povo elegante e respeitador, com bondes e automóveis. O pai, um caipira de uma cidadezinha do interior de Minas, naturalmente ficou deslumbrado com o que encontrou. Ele sempre se revoltou com a transformação e degradação que São Paulo sofreu principalmente depois dos anos 60 e 70.
               Quando aqui chegou, São Paulo tinha sofrido, há quatro anos, um grande revés político. Foi a derrota da revolução de 32. Com um slogan de luta pelo restabelecimento da constituição, que a ditadura de Vargas tinha rasgado, São Paulo, na verdade, lutou pela retomada do poder perdido em 30, e, também, com um viés separatista. Muitos, da elite política, tiveram que se exilar.
               Derrotado politicamente, mas não economicamente. A economia paulista continuou a crescer a passos largos.
               A família, com quem o pai veio, foi morar num casarão na Praça Buenos Aires, ao lado da Avenida Angélica. Um bairro nobre feito para abrigar as mansões dos endinheirados da época.
               Foi uma fase boa e tranqüila para ele. Trabalhava na casa fazendo serviços diversos.
               Nos dias de folga costumava passear pelo centro da cidade. Pegava o bonde aberto que passava pela Avenida Angélica e ia até o centro. Lá passeava, deslumbrado, pela rua Direita, pela Praça da Sé onde via as obras da nova catedral, pela rua são Bento, Praça do Patriarca, Viaduto do Chá, praça Ramos de Azevedo, onde admirava o Teatro Municipal, rua Barão de Itapetininga, Praça da República. Tudo limpo, povo bonito e arrumado, guardas bem vestidos que respeitavam e se davam respeito, como ele sempre dizia. Sempre falava, com saudade, desse tempo, e tinha razão pois as década de 30, 40, e 50 foram a melhor fase da cidade antes de entrar no caos do crescimento vertiginoso e degradante das décadas seguintes.
               Nos passeios, sempre ia bem vestido com terno e gravata. Teve a sorte do filho do fazendeiro ter a mesma constituição física dele, e toda a roupa que o rapaz já não usava mais passava para ele. Eram ternos de casimira inglesa, linho York Street, lã escocesa, camisas de linho e seda, gravatas importadas, sapatos de couro inglês. O pai adquiriu o hábito de sempre se vestir bem. Gostava de estar bem barbeado, limpo, bem penteado, perfumado, roupa bem passada, bem arrumado mesmo quando o dinheiro não dava para comprar roupa nova  e apesar da profissão de pedreiro, que foi exercer em seguida. No trabalho não tinha jeito, tinha que andar sujo. Mas, terminado a jornada, se lavava, se perfumava, se aprumava.
               A profissão de pedreiro era uma das poucas alternativas que se tinha para quem, como ele, era analfabeto e não tinha qualificação profissional. Com 18 anos o pai deixou a família para quem trabalhava. O fazendeiro passava dificuldades financeiras em função da doença da mulher, razão da mudança para São Paulo, tendo, depois, até que vender sua fazenda, e o pai estava com uma idade em que teria de escolher uma profissão. Assim, por mãos amigas, tornou-se pedreiro.
               Teve sorte de, logo no começo, ter ido trabalhar com uns mestres de obras húngaros. Como não se tinha bons profissionais nativos, ia-se buscar na Europa mão de obra especializada. E esses húngaros, mestres de obras de primeira qualidade, ensinaram ao pai os segredos da profissão. Dedicação ao trabalho, serviço de primeira qualidade, foram lições que ele aprendeu e sempre conservou, vindo a ser um excelente profissional do ramo. Uma coisa que não se acostumou dos hábitos dos húngaros foi o hábito de tomar cerveja o dia todo. Dizia ele que os húngaros mal acordavam já iam para o barril de cerveja, que mantinham no alojamento, e bebiam direto na torneira do barril.
               Trabalhou em várias obras. Uma, que sempre falava e se orgulhava, era de uma construção ao lado dos fundos da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, onde realizou um bonito trabalho no alto do prédio. Ele sempre me falava que queria me mostrar e, eu, como me arrependo, não me animei a ir ver. Trabalhou, também, em São Sebastião do Paraíso, nas obras de uma igreja local.
               Fez algumas amizades nos locais de trabalho. Alguns lhe falavam da luta pelos direitos dos trabalhadores, tendo até o levado para assistir algumas reuniões do partido comunista. Mas nunca se engajou, por falta de interesse político e, logo depois, por ter de lutar para o pão nosso de cada dia da família que se formava.
               No dia 20 de setembro de 1942, pelas mãos de um amigo, entrou pela primeira vez num campo de futebol, o Pacaembu, para assistir a partida de um time, que se tornou uma de suas paixões: o Palmeiras. Seu amigo, também descendente de italiano, lhe explicou que naquele dia a colônia italiana deveria apoiar aquele time formado dentro da colônia e que fora obrigado a mudar seu nome de Palestra Itália para Palmeiras e seria o primeiro jogo com o novo nome.   O Palestra Itália foi fundado em 1914. Segundo alguns, principalmente os corintianos, de uma dissidência, a ala italiana, do Sport Club Corinthians Paulista, e, segundo os palmeirenses, que não admitem em hipótese alguma esta história, do desejo da colônia formar seu próprio time.
               A italianada se reunia para jogar bocha no Clube Espéria, então chamado Societa dei Canottieri (Sociedade dos Canoeiros). O futebol, então, começava a se popularizar. Dois times italianos, o Torino e o Pro Vercelli, passaram por São Paulo no ano de 1914, e isso eletrizou a colônia. Quatro bochistas se converteram ao futebol e levaram à frente a idéia de formar um time, que logo batizaram de Palestra Itália, cujas cores, verde, branco e vermelho, eram da bandeira italiana. Curioso, para nós, é que um desses quatro rapazes chamava-se Vicente RAGONETTI, será que tem alguma coisa a haver com nosso nome? O pai adoraria ter sabido dessa coincidência.
               Em 1942 o Brasil declara guerra às potências do eixo: Alemanha, Japão e Itália. Algumas providências governamentais foram tomadas com relação às colônias desses países. Uma delas é que os  clubes não poderiam mais ter  nomes estrangeiros. Assim o clube Germania passou a se chamar Pinheiros, o Espanha, clube da cidade de Santos, passou a se chamar Jabaquara, o São Paulo Railway passou a se chamar Nacional. O Palestra Itália também teria que mudar seu nome. Por sinal mais dois times brasileiros tinha esse nome: um tornou-se Cruzeiro, de Minas, o outro, Coritiba, do Paraná.
               Mas os palestrinos, de São Paulo, resistiam à mudança. Foram então, muito pressionados e ameaçados. A pressão maior partia dos dirigentes do São Paulo, time que há cinco anos tinha se formado e, como ainda não tinha uma sede à altura, estavam de olho no Parque Antarctica, sede do Palestra Itália, pois se não trocasse o nome, a sede do clube seria posta a leilão. Como não tinha outro jeito, tiveram que, além de tirar o vermelho de suas cores, mudar o nome para Palmeiras.
               E, justamente nesse dia, 20 de setembro de 1942, o Palmeiras estreava seu novo nome,  justamente contra o São Paulo, o time que pressionou as autoridades contra aquele time de italianos e, alem disso, dividia com eles a liderança do campeonato e quem ganhasse seria praticamente o campeão, pois só restaria mais uma rodada.
               A semana do jogo foi uma guerra de nervos entre as duas equipes e entre as torcidas. Imagina-se o clima entre os palestrinos, revoltados contra a mudança de nome e a cobiça dos sãopaulinos. E foi nesse ambiente de guerra que o pai foi assistir seu primeiro jogo de futebol. Para desfazer qualquer dúvida que o time era brasileiro, o Palmeiras entrou em campo com uma bandeira do Brasil. A torcida e o pai se levantaram aplaudindo e vibrando com essa atitude. O jogo começa nervoso, a torcida apreensiva. Aos 19 minutos primeiro gol do Palmeiras, gol de Cláudio (que anos depois foi jogar no Corinthians), explosão de alegria do pai e da torcida palmeirense. Mas aos 23 o São Paulo empata, com gol de Waldemar de Brito (futuro descobridor do Pelé), a italianada e o pai emudecem. O jogo é emocionante e disputado. O nervosismo é geral, em campo e na arquibancada. 43 minutos explode o grito de gol na torcida palmeirense e o pai e seu amigo se abraçam: gol contra do sãopaulino de nome Virgílio. O intervalo é só alegria para o pai e a tifosi (torcida italiana). O segundo tempo começa mais nervoso ainda por parte dos sãopaulinos. O time do Palmeiras toca a bola e aos 14 minutos a arquibancada e o pai vai a loucura: gol de Echevarrieta. A pressão continua e ao 19 minutos o sãopaulino Virgílio comete pênalti em cima de Og Moreira ( o primeiro negro que jogou no Palmeiras). Inconformado com a marcação o central Virgílio parte para cima do juiz, o agride e é expulso. A galera e o pai vibram. O time do São Paulo não aceita a marcação do pênalti nem a expulsão e saem de campo, abandonando o jogo. O pai e a torcida palmeirense vibram e o grito “È campeão” ecoa por todo o Pacaembú. O São Paulo foi punido, por ter abandonado o campo, com a suspensão para o jogo seguinte, o Palmeiras ganha sua partida da última rodada e é o campeão de 1942. O pai exulta e se torna, para sempre, um torcedor fanático do Palmeiras.
               Em 1944 resolve tirar umas férias e aproveita para ir visitar sua irmã Catarina. Pega o trem da Mogiana e vai para Itamogi.
 

domingo, 7 de julho de 2013

HISTORIA DA NOSSA FAMILIA CAPITULO 4 - SÃO PAULO PARTE 2

HISTORIA DA NOSSA FAMILIA – CAPITULO 4

SÃO PAULO PARTE 2

  Em 1867 é inaugurada a estrada de ferro SÃO PAULO RAILWAYS, ligando Jundiaí a Santos. A finalidade era para escoar a safra de café do interior para o porto de Santos. Com isso São Paulo perde a condição de abastecedor de mantimentos e mulas para os transportadores de café que iam e viam do porto de Santos e passavam pela cidade. Isso, naturalmente, provoca um baque na economia da cidade. São Paulo perdia sua função de entreposto e tendia a uma retração. Quis o destino que um surto de febre amarela em Campinas e Santos mudasse a sorte da cidade. Campinas e Santos tinham população e importância maiores que São Paulo.
  Campinas era a cidade onde os barões do café erguiam suas casas de cidade, alternando suas vidas nas casas da fazenda e da cidade. Santos abrigava muitos comerciantes, principalmente de café, funcionários do porto, despachantes, etc.. Com o surto da febre amarela, que matava muitos, os fazendeiros de Campinas e a burguesia de Santos, ergueram casas em São Paulo, que ficou imune à doença. Com isso a cidade ganha um desenvolvimento nunca visto. Com o dinheiro investido nas novas casas e palacetes, São Paulo atraiu uma multidão de trabalhadores para construção e para o comércio que desenvolvia com os novos moradores.
  Inicia-se um surto de expansão da cidade. Espremida no espaço triangular do centro, novas áreas são abertas e a cidade cresce para o outro lado do vale onde corria o rio Anhangabau, que se torna o novo centro em contraposição ao centro velho. Como o transito de pessoas e animais era intenso de um lado a outro, uma ponte de estrutura metálica é construída sobre o vale, vindo a se chamar  VIADUTO DO CHA, pois, no vale, havia plantação dessa erva. Essa ponte metálica foi substituída mais tarde por uma de concreto que esta lá até hoje.
  A cidade expande-se em direção aos Campos Elíseos, depois para Higienópolis, e no final do século XIX, abre-se a AVENIDA PAULISTA, com enormes lotes, onde os Barões do Café e da Indústria, que se iniciava, vão construir seus palacetes e mansões.
  Erguem-se o Teatro Municipal, a Estação da Luz, o Liceu de Belas Artes, onde hoje é a Pinacoteca, a Catedral da Sé, Edifício Martinelli. Inaugura-se o Parque da Luz. O Vale do Anhangabaú é urbanizado. Abrem-se avenidas como a São João.
  A cidade ganha, também, uma leva de imigrantes, italianos principalmente, que vem suprir a demanda de trabalhadores na indústria, que se desenvolvia, no comércio que se expandia, e na construção civil. Bairros de trabalhadores são criados no Bras, Mooca, Bexiga, e, posteriormente, na Pompéia, Lapa, Vila Mariana, etc.
  A cidade ferve, os meios de transporte ganham o bonde, primeiro puxados por burros, depois por energia elétrica, interligando os bairros dormitórios de trabalhadores às indústrias e ao centro comercial. O trem desenvolve suas linhas de transporte urbano com a Santos- Jundiaí, Sorocabana, Central do Brasil.
  Com a vinda dos fazendeiros de café e os comerciantes de Santos, e a nova burguesia local, cria-se uma elite endinheirada. Essa elite vai promover não só o crescimento econômico da cidade como, também, seu crescimento político, buscando seu espaço no conserto nacional. Essa elite revolta-se contra os gastos que a corte Imperial fazia e que cobrava altos impostos para se manter. Cria-se um antagonismo com os cariocas, tidos como quem não trabalha e vivem em sinecuras mantidas pelo Imperador. As elites paulistas criam o movimento Republicano, que era o caminho para atingirem participação na política nacional, e que leva à queda do Império comandada por D. Pedro II. Com a República, São Paulo conquista, juntamente com Minas Gerais, o domínio do governo federal. Nasce a política do café com leite, café de São Paulo e leite de Minas, onde alternavam-se na presidência, um paulista e um mineiro. Esse acordo é rompido em 1930, o que leva à tomada do poder pelos gaúchos liderados por Getulio Vargas, que extingue a Constituição vigente. Inconformados, os paulistas se revoltam em 1932, na luta pela Constituição e por participação na política nacional. É a Revolução Constitucionalista de 1932. Os paulistas perdem a guerra e seus principais líderes são obrigados a se exilarem. Passa pelo vexame de serem governados por interventores enviados por Getulio. Os paulistas vergam, mas não quebram. Aos poucos vão readquirindo sua importância política, já que a econômica não parava de crescer. Posteriormente foram inaugurados símbolos, como a Avenida e o túnel  9 de julho (data da revolução) e um monumento aos constitucionalistas, em frente ao Parque Ibirapuera, que tem suas medidas proporcionais aos números da revolução: 9, 7 e 32. Para mim o monumento que se ergue ao céu acima do mausoléu é um símbolo fálico: perdemos a guerra, mas aqui pra vocês...